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Radioterapia parcial da mama

02/09/2020

Radioterapia é parte fundamental no tratamento do câncer de mama em casos de cirurgia conservadora (quadrantectomia / setorectomia).

Durante décadas o tratamento padrão utilizado foi a radiação de toda a mama durante um período de 5 semanas (25 sessões), utilizando uma dose total de 45-50Gy.

Estudos recentes demonstraram que esquemas com menos sessões e menor dose (hipofracionamento com 15 sessões / 42Gy) apresentam mesma eficácia ao protocolo de 5 semanas, e hoje já é considerado o novo padrão ouro de tratamento.

O objetiva de apresentar este artigo sobre Radioterapia Parcial da Mama (APBI – Accelerated Partial-Breast Irradiation) é demonstrar uma nova alternativa de tratamento para casos selecionados de câncer de mama em estágio inicial.

A principal proposta desde protocolo é oferecer um intervalo curto de tratamento  (5 sessões / 30Gy) com redução da toxicidade aguda e com menos efeitos colaterais a longo prazo.

Existem diversas técnicas e equipamentos utilizados para realização da radioterapia parcial, e  especificamente neste artigo publicado agora em agosto de 2020 e já com 10 anos de seguimento das pacientes a técnica utilizada é através de IMRT (Intensity-Modulated Radiation Therapy), mesma técnica utilizada no moderno Centro de Radioterapia do Hospital São José de Criciúma desde 2017.

O estudo em questão foi realizado pela Universidade de Firenze (Itália), e 520 pacientes participaram do estudo. A radioterapia parcial foi aplicada em 260 pacientes e a outra metade recebeu o tratamento padrão na época que consistia em 25 sessões em toda a mama. As pacientes selecionadas para o estudo foram mulheres com idade > 40 anos e com tumores de diâmetro inferior a 2,5 cm .

O objetivo principal do estudo foi avaliar o índice de recorrência local, locorregional e a distância nos grupos em questão. Outros aspectos avaliados foram a toxicidade aguda e a longo prazo.

Após 10 anos de acompanhamento o índice de recorrência no grupo APBI foi de 3,7% (9casos) e 2,5% (6 casos) no grupo RT em toda a mama, apresentando uma diferença absoluta de apenas 1,2% (HR 1,56 / IC95% 0,55-4,37, p=0.40). Gráfico A. Nenhuma diferença significativa foi demonstrada também em recorrência locorregional e a distância. Gráfico B / C.

Além dos excelentes resultados acima demonstrados, o protocolo APBI apresentou menor índice de toxicidade aguda e melhores resultados cosméticos a longo prazo na percepção das pacientes e médicos.

Os dados apresentados demonstram a segurança do protocolo mais curto e com menor exposição a radicação, em apenas 5 sessões de tratamento, permitindo assim menor tempo de uso do equipamento de radioterapia e maior acessibilidade de tratamento para outros pacientes.

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