Informações e Orientações / Prevenção

Mamografia: quando iniciar, com qual frequência, quando parar ?

28/04/2020

O exame de mamografia é um Raio-x da mama, e tem como objetivo estudar o tecido mamária em busca de alterações que possam diagnosticar o câncer de mama.

Existem duas situações principais em que utilizamos este método de imagem:

1. Mulheres sintomáticas (ex. nódulo palpável): neste caso o objetivo principal é o diagnóstico, pois existe um sintoma ou suspeita de câncer de mama;

2. Mulheres assintomáticas: neste cenário mulheres sem sintomas são convocadas a realizar o exame na busca de alterações que possam levar ao diagnóstico de câncer de mama em fases iniciais, possibilitando melhores desfechos para a saúde física e mental.

Existe muita controvérsia e discussão sobre a utilização da mamografia como método de rastreamento populacional do câncer de mama. No Brasil não temos nenhum programa de rastreamento populacional sistematizado, de modo que o que praticamos é o rastreamento de oportunidade.

Nesta modalidade de rastreamento o médico frente a uma mulher, após entrevista sobre o histórico de saúde da pessoa e seus familiares discute as vantagens e desvantagens do exame e organiza a periodicidade da realização do mesmo.

As principais críticas ao exame de mamografia estão relacionadas ao “overdaignosis”, resultados falso-negativos e falso-positivos e exposição desnecessária a radiação.

“Overdiagnosis”: este termo se refere a casos de câncer descobertos pela mamografia, mas que nunca causariam sintomas ou até mesmo a morte da pessoa. Neste grupo estão pessoas muito idosas ou com problemas de saúde muito graves, cujo diagnóstico de um câncer de mama não vai alterar o curso natural da vida da mesma. Estima-se a ocorrência de “overdiagnosis” em cerca de 10% dos casos de câncer de mama diagnosticados.

Falso positivo: este termo é utilizado quando um exame demonstra uma imagem suspeita, porém após convocação para investigação com exames adicionais se conclui que a pessoa não apresenta absolutamente nenhuma lesão. Dados científicos apontam que 10% dos exames de mamografia podem mostrar alterações que na verdade não caracterizam doença verdadeira.

Falso negativo: é o termo utilizado quando uma pessoa com câncer realiza o exame, mas não tem a doença detectada. Esta situação pode ocorrer principalmente em mulheres mais jovens e com mamas muito densas, e pode ocorrer em até 15 a 20% dos exames de mamografia. (leia o artigo sobre densidade mamária).

Risco da radiação: no exame de mamografia utilizamos feixes de baixa energia, que são doses inferiores as quais somos submetidos todos os dias em exposições naturais.

Apesar das críticas e das limitações acima descritas do exame de mamografia, os estudos científicos de programas de rastreamento sistemático demonstraram uma capacidade de redução da mortalidade específica por câncer de mama que varia de 15 até 40%. Como o câncer de mama é a principal causa de morte por câncer nas mulheres no mundo, a comunidade médica apoia e suporta a realização do exame, pois os benefícios se sobrepõem as limitações da técnica.

O grupo de mulheres que mais se beneficia do exame de rastreamento são aquelas com idade entre 50 e 69 anos. No grupo com faixa etária entre 40 e 49 anos de idade existe benefício, porém neste grupo há mais risco de exames falso-positivos e falso negativos, mas ainda assim acreditamos que o benefício se sobrepõe as limitações técnicas do exame.

A recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) é a realização da mamografia anual para mulheres a partir dos 40 anos. A idade que deve interromper o exame anual deve ser individualizada baseada na expectativa de vida da cada mulher.

As recomendações acima se referem a mulheres com risco normal para desenvolvimento de câncer de mama. O grupo de mulheres com maior risco (ex. portadoras de mutação genética, ou mulheres com história familiar de câncer de mama) devem seguir protocolos específicos de rastreamento, que incluem outros exames que complementam a mamografia, como o ultrassom e a ressonância magnética.

Referências científicas:

Screening for Breast Cancer in Average-Risk Women: A Guidance Statement From the American College of Physicians

Screening for breast cancer in 2018—what should we be doing today?

Benefits and harms of mammography screening

Breast Cancer Screening, Mammography, and Other Modalities

Sociedade Brasileira de Mastologia

Colégio Brasileiro de Radiologia

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